Com pressa? Ela pode ter se tornado a maior inimiga da sua comunicação

Ouvir um áudio na velocidade 2x do WhatsApp virou padrão. E é um olho no WhatsApp, outro na tela do notebook e os ouvidos no colega que ali do lado chamou para o café. Menos foco, menos paciência e mais pressa

Giovana Pedroso, especialista em comunicação e oratória, abordou o tema em palestra no Gramado Summit 2025, em Gramado (RS)

Ouvir um áudio na velocidade 2x do WhatsApp virou padrão. E é um olho no WhatsApp, outro na tela do notebook e os ouvidos no colega que ali do lado chamou para o café. Menos foco, menos paciência e mais pressa. Não sei se você chegou até esta linha com tempo para seguir em frente, mas se chegou, descobrirá que a pressa se tornou a maior inimiga da sua comunicação – e talvez você não tenha percebido.

Essa é a tese da minha palestra "Comunicação como ferramenta de alta performance (para quem tem pressa)", que nasceu da observação de um dado do Project Management Institute (PMI) de 2019: 64% das empresas brasileiras enfrentam falhas de comunicação. Ainda? Apesar do avanço dos canais disponíveis para facilitar processos, os ruídos ainda acontecem e, com eles, somam-se os prejuízos de toda ordem, sejam eles financeiros ou de imagem.

O cenário pode ser, em partes, desenhado assim: multicanais sem política clara de uso (ou política criada, mas não seguida), o tempo investido em telas como equivocado "descanso" que também se confunde com trabalho e gerações diferentes convivendo nos mesmos ambientes de trabalho. Tudo isso contribui para um mundo de profissionais ansiosos.

E é nesse sentimento de "pressa permanente" que mora o problema.

Na pressa, não refletimos sobre o melhor canal para enviar a mensagem importante, não avaliamos se a ideia foi construída com simplicidade e clareza para ser entendida rápido (afinal, quem recebe também sente urgência), e é nesse frenesi de automatismo com necessidade de fazer que desconsideramos as emoções e o contexto envolvidos na relação com cada público.

Estratégias com custo zero

Quando falamos de comunicação humana, a boa notícia é que as ferramentas costumam não ter custo para os negócios:

- Reduza jargões profissionais para públicos que não são especialistas na sua área;

- Envie mensagens complexas ou carregadas de emoção por canais que tenham pelo menos a sua voz (ligue, mande áudio ou fale pessoalmente);

- Revise as mensagens lendo em voz alta para entender se ficaram claras (ou conte a um colega e pergunte se ele entendeu);

- Considere as emoções do público na sua fala.

São práticas simples, mas que podem melhorar a comunicação e as relações em ambientes de trabalho movidos pela pressa. Eu não posso pedir para você não a sentir, mas está nas nossas mãos fazer algo para minimizar os seus estragos.

E se puder, vá devagar.

Giovana Pedroso - TEDx Speaker, jornalista e especialista em comunicação